Decisão do Parlamento, aprovada na terça-feira passada, faz parte da campanha do líder opositor Juan Guaidó para expulsar Maduro
O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, ameaçou neste sábado (27) com a prisão quem insistir em levar adiante um tratado de cooperação militar interamericana, aprovado na semana passada pelo Parlamento, único poder controlado pela oposição no país.
Sem citar o episódio, o presidente se referiu ao método empregado na detenção cinematográfica, em maio passado, do deputado opositor Edgar Zambrano, vice-presidente do Legislativo, rebocado dentro de seu carro com um caminhão guincho por agentes do Serviço Bolivariano de Inteligência (SEBIN).
"Lá vai o guincho de González López (diretor do SEBIN), o guincho está pronto (...) O guincho sai para buscar os delinquentes que pretendem que a Venezuela seja invadida. Justiça! Justiça!", exclamou Maduro durante ato de promoção de militares em Caracas.
O presidente leu perante 3.000 milicianos - braço da Força Armada, formado por civis - a sentença do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), que anulou na sexta-feira a decisão parlamentar sobre o retorno do país ao Tratado Interamericano de Assistência Recíproca (TIAR), do qual se retirou em 2013.
O TSJ recordou que a Câmara está em "desacato" desde 2016, razão pela qual todos os seus atos são nulos.
A decisão do Parlamento, aprovada na terça-feira passada, faz parte da campanha do líder opositor Juan Guaidó para expulsar Maduro, a quem o Legislativo declarou em usurpação do poder por considerar que sua reeleição em 2018 foi fraudulenta.
Guaidó, chefe legislativo reconhecido como presidente encarregado da Venezuela por meia centena de países, disse que este passo permitirá estabelecer "alianças internacionais" para "defender o povo e a soberania".
Os Estados Unidos, principal apoiador diplomático de Guaidó e signatário do TIAR, não descarta uma ação armada para tirar do poder o presidente socialista, que é apoiado por Rússia, China, Irã, Turquia e Cuba.
Adotado em 1947, o tratado estabelece que um ataque armado contra um Estado americano por outro país será considerado uma agressão a todos os seus membros, que se comprometem a enfrentá-lo em conjunto.
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